quarta-feira, 4 de abril de 2012

RESUMO


A mamãe desde pequena sofreu muitas discriminações e incompreenções, nunca por parte dos seus pais, mas por parte de alguns irmãos e alguns outros familiares, até foi apelidada de “pata-choca”.
Quando ficou adulta o que ouvia, era:

―  A Elza é uma tonta....
―  A Elza tem um parafuso a menos..... e assim por diante eram as humilhações.

Tudo que a mamãe desejou na vida e que conseguiu, foi com muito sacrificio e quebrando barreiras.  Sua simplicidade e humildade às vezes tornaram-se motivos de incompreenções e humilhações.  Quando ela adoeceu, houve quem achasse que ela estva fingindo, ou que era seu objetivo me chantagear. Houve quem não me pertisse acudir ao seu apelo quando necessitou ir ao banheiro dizendo que se ela quizesse que pedisse a quem estive perto, com ela na sala, e lá só estavam os homens.....
Um dia a Tia Ondina, sua irmã, pegou suas mãos e analisou como quis e depois disse:
―  Hummm! Mãos lisinhas....mãos de quem nunca trabalhou.  Você sabe como ela te criou, não é Ilaíde?  (fazendo alusão a uma vida imoral).....
Não, não foi assim. Ela lutou muito. Até na roça trabalhou.  Houve ocasião que não tínhamos o que comer em casa, nem como comprar, contudo o Senhor nunca nos abandonou. Houveram muitas humilhações através de sua vida, houveram muitas calunias e muitas lágrimas....
Barreiras tinham que ser derrubadas constantemente, e a todas ela enfrentou com dignidade. Uma vida de muita luta porém, uma vida rica em vitórias. O Senhor Jesus sempre esteve ao nosso lado dando-nos a Sua força, o Seu apoio, a Sua orientação...  Ela foi batalhadora e quando sentia que as forças faltavam, o seu socorro estava no Senhor; Sua fé inabalável no Autor e Consumador, era marcante.  Vivia a cantar e tocar o seu bandolin com o qual duetava: “Mestre o mar se revolta”.
Sim o mar a sua volta podería lhe dar pavor e as ondas  serem aterradoras, mas a voz do Mestre lhe acalmava:

“As ondas atendem ao Meu mandar, sossegai!”
Seja o encapelado mar,
A ira dos homens, o gênio do mal,
Tais águas não podem a nau tragar
Que leva o Mestre do céu e mar.
“Pois todos ouvem o Meu mandar,
Sossegai! Sossegai!
Convosco estou para vos salvar,
Sossegai!”     


 Autor: Mary Ann Baker   1874
 Tradutor: William Edwuin Entzminger   1930
                             
A vida da mamãe foi um exemplo para mim e para aqueles que a rodeavam. Ela era uma pessoa simples, humilde mas com grande fé no Senhor
Ela lutou e venceu!
Agora está agozando as delícias do lar celestial, esta ao lado do Mestre que ela tanto amou em vida e serviu de coração. Agora nada mais poderá atingì-la, porque ela esta guardada com o Mestre. Agora ela canta louvores juntamente com os anjos lá nos céus...
“Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.”  (Deuteronomio 4:9)
“Tão-somente, pois, temei ao Senhor e servi-o fielmente de todo o vosso coração; pois vede quão grandiosas coisas vos fez.” (1 Samuel 12:24) “Ele é a minha rocha e a minha fortaleza, o meu abrigo e o meu libertador.Ele me defende como um escudo,e eu confio na sua proteção.” (Salmo 144:5 NTHE)
“Meus irmãos, cuidado para que nenhum de vocês tenha um coração tão mau e descrente, que o leve a se afastar do Deus vivo. Pelo contrário, enquanto esse “hoje” de que falam as Escrituras Sagradas se aplicar a nós, animem uns aos outros, a fim de que nenhum de vocês se deixe enganar pelo pecado, nem endureça o seu coração.” (Hebreus 3:12-13 NTLHE)

Que Deus abençoe sua vida ricamente e que o prezado amigo vença sempre, nunca se deixe desanimar e esmorecer Lembre-se que o homem é falho, mas Jesus é perfeito....só Jesus é perfeito!
Confie plenamente no Senhor pois Ele estará sempre ao teu lado para o abençoar e fortalecer.

Creia somente e sempre!



                                                                                 
                
São Paulo – Janeiro de 2009




FELIZ ANIVERSÁRIO!


Eu deveria ter falado sobre este tema antes, contudo aqui vou deixar uma história gratificante.
No inicio deste livro, eu falei que a mamãe nasceu dia 19 de novembro de 1918. Agora ela iria completar 80 anos!
Lembro-me como era o seu desejo chegar aos 100 anos... Também sempre dizia que nunca iria morrer, porque desejava se encontrar com Cristo nas nuvens, quando o Senhor retornasse a Terra para buscar os Seus escolhidos.  Ela esperava ansiosa a 2ª vinda de Jesus. O seu amor pelo Mestre era visível e muito grande.  Também sua alegria era estar com os irmãos na fé.  Seu aniversário se aproximava e então resolvi comemorá-lo.  Fizemos um culto de Ação de Graças em casa  e tivemos mais de 60 pessoas, nossos amigos e irmãos na fé, da Igreja Presbiteriana Independente, e alguns de nossa família que nunca antes havíamos conseguido reunir em um culto, em nossa casa. Foi maravilhoso!
Todos nós cantamos para ela – Feliz Aniversário – e o tio Ittai ajudou a apagar as velinhas de seu bolo.
Louvado seja o Senhor pelos seus 80 anos de vida.


A MAIOR PROMOÇÃO

 
Eu estava fazendo, pela 2ª vez o curso para Auxiliar de Enfermagem, era o ano de 1999. Já havíamos vencido a 1ª parte, a teoria, e agora estávamos fazendo o estágio na Santa Casa. Já havíamos passado pelo clinico feminino e estávamos agora no clínico masculino. No mês de julho necessitei internar a mamãe de novo, com urgência. Seu estado de saúde era bem melindroso.  Eu pensava que ela não iria agüentar mais. Desta feita eu pude ficar ao seu lado porque a lei mudara – todo idoso de 65 anos para cima devería ter acompanhante. Levei meu pequeno gravador e quando ela ficava agitada colocava uma fita K7 instrumental muito bonita e que só tocava cânticos bem suaves e isto fazia com que ela se acalmasse.  Uma semana depois voltamos para casa.  Contudo a febre não a deixava.  O médico sempre me ajudava, dando a assistência que ela precisava, mas parecia que os medicamentos já não faziam o efeito que precisávamos e desejávamos.
Notei que ela sofria....  Meu Senhor !  Como é triste sentir nossas mãos atadas, querer fazer algo mais e não poder...
Não era o meu desejo vê-la sofrer. Até aqui eu orava pedindo que o Senhor desse vida para ela.  Eu sempre crí que se o Senhor quisesse, poría ela em pé completamente curada. Não foi o Senhor quem nos fez? Ele, por acaso, não conhece cada célula de nosso corpo? O que é para Deus um cérebro danificado?   Se Ele desejar pode restituir e recompor até mesmo o cérebro de Seus servos.
Meu Deus !  Eu não quero perder a minha mãe! Como poderei viver sem ela?  Ela é tudo que eu tenho nesta vida! Por favor Senhor, não a tire de mim...somos só nós duas...!
Sim, sempre orei desta forma, com medo de dizer ao Senhor: FAÇA-SE A TUA VONTADE... Eu sabia , no fundo de minh'alma, que se eu falasse “faça-se a Tua vontade”, Deus iria levá-la embora; e assim eu permiti o egoísmo no meu coração.
Agora eu olho para ela e a vejo sofrendo! Meu Deus não desejo ver minha mãezinha querida sofrendo, eu a amo demais, para vê-la sofrer.  Enquanto ela não sentia dores, eu queria que ela ficasse comigo, mas vê-la sofrer..., assim não Senhor!

― Senhor, faça-se a Tua vontade...!

Dia 27 de agosto de 1999, eu havia saído cedo de casa, antes das 7 hs da manhã para o trabalho e às 13 hs fui fazer o estágio no Hospital. Estávamos, uma colega e eu, conversando e expressamos  uma para a outra, a tristeza de nosso coração, as magoas com alguns colegas do curso que, por sermos as mais velhas, faziam descriminações e que por vezes, lembravam humilhações, então dizíamos:
― Será que vale a pena continuar a persistir no curso? Eu ainda lembrava o quanto minha mãe precisava de mim, e o seu estado preocupante que se encontrava e que, a qualquer momento, ela podería morrer... Dizendo assim saí para o corredor, quando uma colega veio ao meu encontro correndo e dizendo:
― Ilaíde...Ilaíde..aquela mulher baixinha, gordinha que trabalha para você, está aí e quer falar com você. ( e acrescentou)  A Patrícia está te chamando...
― Meu Deus, será que aconteceu alguma coisa?....
Quando eu passei pela porta do clinico masculino, a Patrícia me segurou pela mão e me fez sentar ao lado dela, juntamente com outra colega, prontas para um eventual socorro.  Eu estranhei esta atitude dela e perguntei:
― Por quê? A minha mãe morreu?
      ― Sim, a Iracema veio avisar que a tua mãe acabou de falecer....
    ― Meu Deus...meu Deus....(murmurei e que solidão!) Sentí-me profundamente só...não tinha mais ninguém....agora eu estava sozinha na vida........meu tesourinho, foi embora e me deixou..agora eu estou extremamente só....
Dentro de mim fervia um turbilhão.  Queria sair correndo... mas a Patrícia me segurava...
― Você está bem?  Você está bem? Perguntava ela insistentemente.  Você esta bem, Ilaíde?
― Sim estou bem!  Posso ir agora? Respondi.
― Calma...mas você esta bem mesmo?
Claro que eu não estava bem, mas o que alguém podería fazer por mim naquela hora? Só Deus era meu socorro bem presente na angustia. Se até hoje minh'alma dói só ao descrever este fato e as lágrimas rolam em meu rosto, imagine naquele momento de dor e separação.
Diante de minha afirmação, a Patrícia ordenou que abrissem a porta para que a Iracema entrasse e pudesse falar comigo.  Ao me ver, a Iracema que estava branca como um papel, chamou-me com aflição:
― Venha, Ilaíde! Vamos embora! Eu deixei a casa aberta e o Paulinho dormindo (Paulinho era o menino especial, que descrevi antes, ele havia voltado da APAE e foi dormir).
A Iracema correra 6 quarteirões de casa até ao Hospital.  A mamãe expirara nos seus braços. Contou-me que estava secando o rosto de minha mãe por causa do suor intenso, quando num momento ela se contraiu e expirou... apavorada, deixou-a sobre a cama e nem se lembrou de pedir ajuda aos vizinhos que tinham telefone e já haviam oferecido ajuda.
― Calma Iracema, disse a Patrícia tentando acalmar os nossos ânimos, e continuou:
― Vai na frente que logo a Ilaíde irá atrás.
A Iracema correu de volta para casa, e eu queria ter asas para voar.
Depois de comunicar o Dr. Mikio, a família, o Pastor, a Dona Irene – esposa do Pastor – fui para casa e lá me abracei ao corpo inerte de minha mãezinha e chorei muito. Logo em seguida resolvi arrumá-la.  Com a ajuda de minha prima Jumara, banhei-lhe o corpo amado e lhe arrumamos e ela ficou tão linda!!!
Toda cianose sumiu!  Seu rosto ficou branquinho como porcelana, seus lábios bem fechados e clarinhos, suas deliciosas mãos macias e delicadas ... e sem nenhuma mancha roxa, ou seja, toda a cianose sumiu por completo.
Todas as pessoas que chegavam ao lado de seu corpo, exclamavam:
― Como a dona Elza esta linda!!!
Outros completavam:
― Ela esta parecendo uma bonequinha.....
Sim! Ela estava linda! Sua expressão era de descanso e alegria.  Seu perfume enchia o ambiente e sobrepujava os perfumes das flores que envolviam seu amado corpinho ali dentro daquele frio caixão.
Ali estava aquela que, em vida, sabia chorar pelos seus inimigos, orar pelos que a perseguiam, perdoar aos que a ofendiam e magoavam, fazendo-a chorar até não ter mais lágrimas para derramar....aquela que fora o meu atalaia, a minha conselheira, a minha melhor amiga, ombro que me acolhia, .....ela era tudo para mim....
Agora ela recebera do Senhor, reto Juiz,  a corôa de gloria, agora ela recebera do Senhor, a maior e melhor promoção, ela foi morar com Jesus nos céus...
Este mundo não a atinge mais, nada mais poderá ferir o meu tesouro, nada mais irá atingir a minha querida mãezinha...
Deus me escolheu para que eu pudesse cuidar, polir este precioso tesouro, a sua jóia preciosa, e durante 10 anos eu fiz o que pude, agora Ele pediu de volta e eu precisei devolvê-lo.  O meu tesourinho me faz muita falta, mas o entreguei aos cuidados do Pai Celestial, agora é Ele que cuida dela......
Que saudades que dói dentro de meu peito, um dia estaremos junto novamente e então tudo irá ficar para trás, somente o gozo da Vida Eterna, com o Senhor, será a nossa glória....
“Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.
E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.”  (Apocalipse 21:3b-7)
Querido Amigo, você está preparado para te encontrar com Deus?  O que dirão de você quando o Senhor te chamar a Sua santa presença? Para onde irá a tua alma?
Veja que a passagem continua dizendo no versículo 8:
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.”
Diz ainda o Senhor no versículo 27, se referindo a cidade Celestial, a Jerusalem:
“Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.”

Ainda há tempo para você, arrependa-se de seus pecados e aceite a Jesus como teu Senhor, e viva uma vida conforme a vontade de Deus. Escreva teu nome no Livro Da Vida.


PROMOÇÃO A GLORIA

No Exército de Salvação quando nos referimos que uma pessoa faleceu, dizemos que ela foi promovida a glória.  Ela trocou a espada pela corôa de glória.  Ela trocou qualquer grau na carreira da vida pela maior promoção, ela foi morar na Patria Celeste. Dia 27 de agosto de 1999 às 15 horas, Jesus levou para junto de Si a minha jóia mais preciosa...
Bendito seja o Senhor por todos os 80 anos de vida que Ele lhe concedeu, pelos 49 anos que Ele permitiu que vivessemos juntas, pelo exemplo de mãe amorosa, batalhadora, uma crente fiel, cristã exemplar, por tudo que ela foi na minha vida e por tudo que ainda representa para mim.
Eu louvo ao Senhor por tudo. O Senhor a deu, o Senhor a tomou. Bendito seja o Senhor em todas as coisas.   Um dia estaremos juntas novamente....
“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.  Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2 Timoteo 4:7-8)
Obrigada meu Deus pela minha mãezinha!


CAPÍTULO XV - O FIM SE APROXIMA

NOVA CRISE = DERRAME CRUEL


No inicio do ano de 1999, precisamente no dia 1º de janeiro, acordei com a mamãe batendo-se forte contra a parede.  Eu havia chegado da Igreja, após o culto de vigília de ano novo, e cansada dormi aos pés de minha mãe, que eu a havia deixado deitada no sofá, e eu fiquei na poltrona.  A Ruth estava dormindo no quarto. Agora acordo assustada, às três horas da madrugada com ela se debatendo.  Ao medir sua pressão arterial (PA) verifiquei que estava muito alta → 22x14 .  Acordei a Rutinha e pedi a ela que fosse correndo chamar o Resgate para nos ajudar.
Embora não dando muito credito a chamada urgente aquela hora da madrugada, pois pensavam se tratar de um trote por causa da calma da Rutinha ao telefone, vieram de imediato.  A mamãe deu entrada no PS da Santa Casa, convulsionando e com diversos quadros de falência: seu coração, seus rins, etc...todos começaram a apresentar problemas. Logo ela entrou em estado comatoso e por mais que o médico se esforçasse, ela não acordava.  Na época só poderia visitá-la em dia impares, porém eu não suportava isso e sempre dava um jeito de entrar para vê-la. Num dia quando cheguei o Dr. Cid, o médico que estava cuidando dela, ao me ver, foi logo dizendo:
─ Olha Ilaíde, eu não sei mais o que fazer. A sua mãe não acorda!  Ja fiz de tudo e ela não acorda.  Suspendi os medicamentos, mas nada esta adiantando.
Quando cheguei ao lado de sua cama, realmente ela simplesmente dormia e não mostrava nenhuma reação, então resolvi falar com ela.  Cheguei bem juntinho de seu ouvido e falei:
─ Mamãe! Mamãe! Acorde!  Em nome de Jesus, mamãe, acorde...! Eu preciso muito da senhora. Acorde, mamãe!
Depois de orar e cantar baixinho um de seu hinos prediletos, bem pertinho de seu ouvido, beijei-lhe o rosto amado e fui embora.  No dia seguinte quando voltei, no horário de visitas, ela havia acordado.
Durante 13 dias ficou hospitalizada, então ela recebeu alta. Levei-a para casa com o 3º grande derrame aterrador,  com sonda enteral, e sofrendo demais.  Nesses dias a minha irmã Delair veio nos visitar, então me era um grande apoio.
Até este derrame a mamãe não sofria dores, agora ela geme e transpira demais, com febres altíssimas.  O que fazer?  Queria livrá-la de tal sofrimento, mas, meu Deus, o que fazer?
Entrei em contato com o médico que mandou dar algumas gotinhas para ela...
─ Mas que gotinhas Doutor? Perguntei.
─ Diclofenaco, dipirona...respondeu o médico.
Eu sabia que tais gotinhas de nada iriam adiantar, pois eu ja as havia ministrado e de nada serviram.  Mais tarde fiquei sabendo que ele havia dado alta para que ela pudesse morrer em casa.


BUSCANDO SOCORRO


O que eu podería fazer pelo meu tesourinho que sofria dores e febre alta, e eu não tinha como aliviar-lhe o sofrimento!  Busquei o socorro do médico que cuidava dela antes.  O Dr. Mikio sempre foi muito atencioso para com ela.  Sempre que precisei ele estava pronto a me dar as suas orientações, desde que chegamos a Santa Cruz do Rio Pardo. É válido aqui dizer que ele já cuidava dela desde o principio dos derrames, em 1989, antes que eu retornasse ao oficialato, no ano de 1990, levando ela comigo. Quando retornamos a Sta.Cruz em dezembro de 1993, busquei seus cuidados profissionais para a mamãe.
Voltando aquele janeiro de 1999, busquei o socorro do Dr. Mikio.  Consegui falar com ele nesse dia apenas pelo telefone.  Era o dia 20 de janeiro e era feriado municipal pelas comemorações do aniversario de nossa cidade. Ele estava gozando, merecidamente a sua folga, juntamente com sua família em outra cidade.  Assim mesmo ele ajudou. E logo que retornou, naquela noite, veio ver a mamãe. Então começamos um tratamento com antibiótico, o que veio a ajudar a melhorar. 
Desde então constantemente ela precisava tomar os antibióticos pois apresentava constantemente a febre alta e dores.
Agradeço a Deus que me ajudou cuidar dela.
Ela era admirada por todos pois mesmo com tanto tempo acamada, sua expressão era boa. Deus nos ajudou que até mesmo as famosas escaras não tiveram vez.


SONDA NAZOGÁSTRICA


 Ou conhecida como sonda enteral, era para ajudá-la se alimentar, pois devido ao terceiro derrame, ela ficou com dificuldade para engolir, fazendo com que se afogasse. Assim sendo foi necessário submetê-la ao uso desta sonda.  Logo que ela foi restabelecendo, começou passar o seu dedo pelo rosto e sobre a sonda procurando um espaço para segurar e...PIMBA... estava tudo fora!
Agora toca a chamar alguém para nos ajudar a levá-la ao PS da Santa Casa, a fim de novamente recolocar a sonda o que muito a maltratava. Por uns 6 meses foi assim a nossa luta, até que não foi mais possível usar a sonda, pois mais a machucava internamente e maltratava que beneficio trazia.
Os cuidados agora eram maiores, pois tínhamos que cuidar para que ela não se afogasse.


CAMARÃOZINHO


Bom, agora a mamãe não andava mais. É bom dizer aqui que até ao final de 1998 conseguíamos fazê-la andar abraçada a nós.  Eu a levantava e colocava seus braços em volta do meu pescoço e por minha vez a abraçava pela cintura.  Assim eu ia andando de costas e fazendo ela mudar os passos para frente.  Assim nós a transportávamos de um cômodo  ao outro e ao mesmo tempo ela podia fazer um pequeno exercício. Agora ela precisava que a carregássemos porque não tinha mais firmeza em seus joelhos. Usávamos, sempre que possível, a cadeira de rodas.  Porém, a mamãe, agora não se equilibrava mais e necessitava ser amarrada, para não cair.  Desta forma poderíamos levá-la tomar um pouco de sol.  Foi isto que falei à Iracema e pedi que pusesse a mamãe para tomar sol, mas que protegesse a sua cabeça, com o chapéu de palha mexicano que ela tinha, pois ela não se sentia bem com o sol na cabeça. Ela fez o que pedi, porém não pôs o chapéu.  Quando cheguei após o meio dia em casa, para o almoço, lá estava meu tesourinho no sol, sem proteção e vermelhinho como um camarãozinho!
─ Iracema ! chamei aflita. ─  A mamãe está toda queimada! Falei chamando por ela, ao que ela me respondeu:
─ Nossa, Ilaíde! Esqueci a vó no sol...!!!
Coitadinha! Ainda bem que cheguei a tempo para evitar maiores prejuizos.
UMA SECRETÁRIA SIMPLES


Quando eu trabalhava na Odontologia, apareceu uma jovem senhora disposta a me ajudar em casa.  A Jurema me pareceu uma boa pessoa e como a mamãe ficava sozinha eu aceitei de imediato.  Não lembro ao certo, mas trabalhou apenas uns dois ou três dias e não quiz mais e combinou comigo me apresentar uma conhecida sua, para vir me ajudar. Aceitei sua proposta e no dia seguinte ao chegar em casa para o almoço, fiquei surpresa e preocupada.  Ela me apresentou uma senhora muito simples, que me parecia que teria inúmeras dificuldades  em adaptar-nos uma com a outra.  Talvez se aquela senhora tivesse batido em minha porta pedindo emprego, eu, provávelmente teria negado, embora estive precisando muito.
Agora eu tinha que lhe ensinar até cozinhar dentre outras lições básicas  de higiene.  Também possuía um filho pequeno de 4 anos deficiente, o qual ela não deixava com ninguém, pois acreditava que ninguém saberia cuidar dele.  Logo percebi que ele precisava de ajuda profissional, de tanto eu insistir ela concordou e Deus nos abriu uma porta magnífica. – a APAE aceitou fazer a sua matrícula.
A Iracema aceitava de bom grado os meu conselhos e procurava fazer o melhor que podia.   É verdade que muita coisa deixava a desejar mas ela cuidava com carinho de minha mãe.
“Porque o Senhor esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento.” (1 Cronicas 28:9) porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração.” (1Samuel 16:7b)
Tinha um porém; a Iracema não acreditava que a mamãe não possuia mais a capacidade mental e achava que ela fazia muita coisa por birra. Também tinha uma voz alta e para o agudo. As vezes a mamãe se assustava com ela.  Muitas vezes eu alertava:
─ Iracema fale mais baixo. A mamãe nunca gostou de grito, ela se assusta....
─ Que nada, Ilaíde,  ela ela ja se acostumou comigo.
E virava para a mamãe e dizia: ─ Né vó? – em tom alto.
Que mais eu poderia dizer?  Apesar de ser assim tinha sido a que melhor cuidava de minha mãe.  Havia dias que ela resolvia lavar os cabelos de minha mãe todos os dias, e quando não, molhava muito para pentear.  Mostrei-lhe o mal que isto fazia. Ela, então. Me respondia:
─ Que nada, Ilaide.  Dona Elza esta melhor do que nós duas juntas....
─ Não é assim, Iracema...eu retrucava e continuava; veja que se você continuar fazendo assim a saúde dela vai piorar...
Assim ela diminuia , um pouco a sua onda de banhos ou tanta molhação dos cabelos, falo em banhos porque as vezes ela resolvia dar dois ou tres banhos ao dia e lavando os cabelos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

DONA GENECI

Houveram outras boas secretárias que eu podia confiar e me deixaram mais descansada.
Tenho boas lembranças de dona Geneci. Uma senhora idosa que eu podia sair para trabalhar sossegada que ela cuidava bem de minha mãe. Ela era bem esforçada e fazia o trabalho com amor. Ela deixou de trabalhar para nós porque sua saúde não permitiu mais.
O tempo foi passando e as lutas eram vencidas com a ajuda do Senhor Jesus.


ASILO? JAMAIS...

Houve uma ocasião que eu não conseguia encontrar ninguém para ficar com a mamãe, então precisava deixá-la sozinha, pois tinha que ir trabalhar. Logo de manhã dava-lhe o leite e os remédios, ao meio dia retornava, fazia o seu almoço,  banhava-lhe e a deixava trocada, sequinha e alimentada. Levava-a para sala, para deixá-la deitada no sofá, ligava a televisão e ia trabalhar, com o meu coração apertado. Após as 17 horas retornava para casa e então podia dar atenção a ela.  Nesse tempo eu havia sido transferida para o setor da Odontologia, trabalhar como auxiliar odontológica.  Havia uma colega de trabalho que não conseguis entender o porque que eu não deixava minha mãe no asilo. Chegou a ficar sem falar direito comigo por causa disso.
Não condeno o pensamento desta colega, pois um grande amigo que eu conhecia desde a minha adolescia, tinha a mesma idéia e diante de minha recusa ele me disse:
─ Será que você não vê que ela atrapalhou a tua vida? Ou por que você acha que você não se casou?
Quanto a isso, se não me casei, ou não quis casar, creio que não vou acusar meu tesouro e não compete a ninguém...
A mamãe nunca atrapalhou minha vida, nem agora tão doente e precisando de meu carinho e cuidados, ela atrapalhava.
Já pensaram meus amigos, se eu nasci justamente para cuidar dela? Seria esta a principal missão de minha vida? Como eu podería falar para outras pessoas: “não abandone sua mãe, cuide dela na velhice e na doença”, se eu não cumprisse a minha obrigação? NÃO, não haveria de abandoná-la, por nada neste mundo, ela era o meu tesouro e haveria de cuidar dela até o fim...Além de tudo, e acima de tudo eu contava com os cuidados e com a ajuda do Senhor Jesus. Ele sempre esteve ao meu lado, a cada momento me ajudou.
Quando eu saia deixava a mamãe ao Seu divino cuidado e eu sabia que Ele a protegia e cuidava.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.” “ O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.”   (Salmo 37:5 e 34:7)


PRECONCEITO – FRUSTRAÇÃO E VITÓRIA


Para me aprimorar e ter mais condições, e acima de tudo, visando um possível retorno ao oficialato, procurei realizar cursos profissionalizantes que poderiam me ajudar a melhor cuidar de minha mãezinha e mais tarde, quando estivesse de volta como Oficial do Exército de Salvação, poderia aplicar meus conhecimentos na Obra.
Realizei dois cursos de cabeleireira e queria alcançar o curso de Auxiliar de Enfermagem.  Outros não consegui fazer pois teria que deixar a mamãe sozinha por mais tempo e não achei que seria correto, e além de tudo, poderia ser perigoso para ela.
O Cursode Auxiliar de Enfermagem tinha a duração de 11 meses.  A coordenadora de nosso curso era uma enfermeira que trabalhava no Posta de Saúde de Santa Cruz do Rio Pardo, e como tantos outros, não olhava com bons olhos a Equipe de Combate ao Dengue, e por tabela, eu estava incluida na sua antipatia.  As aulas eram noturnas e durante esse período, a mamãe ficava sozinha em casa, até quaze as 23 horas, quando eu podería retornar para casa.  Foram 6 meses de aulas teóricas nas quais eu alcancei otimas notas.  Passamos então para a segunda parte que era o estágio na Santa Casa Local.
Após 3 meses e meio de estágio eu fui barrada. Não poderia continuar porque tal enfermeira determinou que eu não tinha dom e não servia para tal profissão.   Eram 4 as nossas professoras.  Vou chamar de “Rosa” a nossa coordenadora, e este nome vai cair bem, pois ela era vermelhinha e sardenta, de “Adriana” a 2ª enfermeira e as outras duas tratarei pelos seus proprios nomes.  A  “Adriana” estava apoiando a “Rosa”, ao passo que as outras, não concordavam.
Depois de lutar muitoe de ter audiencia com as 4 e mais a Secretária de Educação do Municipio, decidiu-se que eu iria continuar.  Porém mais tarde percebi que isto era apenas fachada. 
No último encontro que tivemos com as professoras nequele fatídicos conselhos, a “Rosa” não aguentando e nem tendo mais argumentos para rebater as minhas razões, ela disse:
─ Olha Ilaíde, você tem que ver que você não tem mais idade e a tua cabeça não ajuda mais.
Este pensamento ela comprovou reprovando as mais velhas da classe enquanto que os outros mais jovens que erravam barbaramente e muito mais que nós, concluíram o curso.
Naqueles dias, no inicio da semana da falsa recuperação, eu, com o desejo de melhorar e corrigir meus erros, falei com a “Rosa”:
─ Por favor, “Rosa”, me diga em que que eu estou errando, porque desejo acertar, eu quero corrigir...
─ Você ???!!! Você não serve para enfermeira; você não tem dom; ....etc...etc...etc.... e concluiu:
─ Para não dizer que EU ESTOU TE PERSEGUINDO, amanhã voê virá com a Regina...
Meu Deus!!!  Quanta humilhação!  Quantas Lágrimas!
Tres dias que estagiei com a Regina, foram preciosos, pois com ela eu aprendi  muito mais que os  30 dias que estagiei com a “Rosa”.   Após o final dessa semana estava certa que eu havia conseguido, porém havia me engando...  Nada mais  adiantava pois eu ja estava previamente reprovada, e minha reprovação ja estava selada sem nenhuma chance. 
Na semana seguinte fui estagiar, na pediatria, com a Enfermeira “Adriana” que não aguentou e me expulsou do Hospital......Meu Deus que frustração!
Nessa época eu estava com 47 anos.
O tema que usei para esta faze foi “Preconceito, Frustração e Vitória”, e até aqui contei os dois primeiros, agora vamos falar sobre a Vitória.
Em janeiro de 1999 – abriu um Vestibulinho para um novo curso de Auxiliar de Enfermagem , no Colégio Agrícola de nossa Cidade.  Eu fiz a minha inscrição e prestei os exames.  Resultado: entre os 151 alunos ou concorrentes eu alcancei o 5º lugar.  Ganhei o direito de fazer o Curso de igual para igual com todos aqueles mais jovens.  Houve um pouco de descriminação por parte de alguns colegas mais jovens.   Desta vez a supervisora fora outra Enfermeira, uma das duas que estavam a meu favor no curso frustrado anteriormente, a Patricia.   Infelizmente a Regina não aceitou voltar a dar aulas para nós e digo isto porque ela mesma se referiu demonstrando a sua revolta e repulsa com o que houve no Curso anterior, e só tivemos a perder com isto!
No dia 22 de dezembro de 1999 recebi meu certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Deus me deu a vitória!

SECRETÁRIAS & SECRETÁRIAS

Para que eu pudesse trabalhar, encontrei outra barreira; precisava encontrar alguém que ficasse em casa com a minha mãe e para tal havia necessidade de dar um salário para essa pessoa.  Dentro de minhas posses não conseguia contratar pessoas de capacidade. Havia algumas esforçadas que davam o seu melhor outras nem tanto.  Obtive ajuda de uma irmã que embora com certa idade me ajudou o quanto pode.  Houve outra, logo no inicio, que tinha o costume de levar para casa nossas coisas e gostava de uns tragos a mais. Sentimos falta de diversos objetos, só que não fomos atrás.  Outras se sucederam em pequenos espaços de tempo.  Algumas esforçavam-se para fazer o melhor, então eu conseguia trabalhar menos preocupada. Outras, mais me trouxeram preocupação do que ajudaram. Houve uma jovem que trouxe o seu bebe, e eu procurei dar a ela todo o apoio e até ofereci que viesse morar conosco. 

POUCO  ME  IMPORTA!

Um dia quando cheguei em casa para almoçar, a mamãe estava caída no chão do quarto entre as camas, chão frio se cerâmica, sem nenhum cuidado, lutando para levantar e se batendo contra as camas.  Indignada com tal situação eu perguntei a razão da mamãe estar no chão; ao que ela me respondeu:
─ Eu não agüentei levantá-la e ela caiu....
─ Mas você não podería, pelo menos, pôr um travesseiro debaixo de sua cabeça para que ela não se machucasse? 
Perguntei já tentando levantá-la do chão e quando olhei, a jovem estava perto da porta com os braços cruzados, olhando-nos com desdém e nada de interesse ou iniciativa para ajudar. Pouco lhe importava o que estava acontecendo.....   Então indignada eu falei:
─  Por favor, venha me ajudar....
Assim pusemos a mamãe na cama de volta e aí é que ela foi receber os cuidados que deveriam ter sido feitos muito mais cedo.   Coitadinha... não sei quanto tempo ela ficou ali naquele chão frio, sem nenhum cuidado, sem fôrro, coberta ou travesseiro !!!!



TAPA NO ROSTO

Algum tempo depois, outra jovem estava nos ajudando.  A mamãe não aceitava de bom grado a alimentação contudo era uma atitude automática, pois não agia em sã consciência.  Quantas vezes ao dar-lhe a alimentação, ela levava a mão direita na colher empurrando para longe de si, o que fazia com que derramasse sobre ela, todo o conteúdo, fosse mingau ou não.  Para evitar isso sentava-me ao seu lado e delicadamente prendia a sua mão direita sob a minha perna, então conseguia  alimentá-la.  Isto eu ensinava a todas as minhas ajudantes.  Eu também gostava de acariciar-lhe o rosto quando chegava do trabalho, principalmente quando ela já estava só, eu queria que ela sentisse  que eu estava ao seu lado e também beijava-lhe a face amada.
Naquela tarde quando fui passar a mão em seu rosto querido, ela se contraiu e desviou, virando a cabeça para o canto, tentando evitar a minha mão como se eu fosse lhe dar um tapa.... estranhei isso e disse a ela:
─ O que é isso mãezinha?! Eu não vou lhe bater! Porque a senhora esta agindo assim?
Então insisti no carinho e agradando-a, disse:
─ Veja mãezinha ... eu lhe amo, querida! Não precisa ter medo, não vou lhe fazer mal. Alguém lhe bateu no rosto, mãezinha?
Ela não tinha condições de me responder, mas pela sua atitude dava para concluir o que havia acontecido.
Aquela jovem começara uns dois dias antes a trabalhar conosco e eu creio que esqueceu de prender a mão de minha mãe para alimentá-la, ai provavelmente a mamãe não estava deixando ela alimentá-la, segurando a colher e derrubando o conteúdo, então zangada bateu no rosto de minha mãezinha, que estava indefesa diante de alguém impaciente e agressiva. Não tinha com comprovar isso a não ser a própria reação estranha de minha mãe quando fui fazer o meu carinho costumeiro a ela, o que levou a pensar assim.  No dia seguinte a dita jovem não apareceu, e nem nos dias subseqüentes para trabalhar. Nem veio buscar o pagamento dos 3 dias.

TANTO  FAZ

Outra jovem veio trabalhar mas para ela, pouco importava a hora que deveria chegar ou se resolvesse não vir trabalhar, tanto fazia.
Um dia a mãe dessa jovem, a qual já havia trabalhado conosco, ficou bem doente e foi hospitalizada. Vou chamar esta jovem de Dora. Ela não era filha única e sua família era bem grande. Passaram-se uns 3 dias e a Dora não aparecia para trabalhar, e quando veio, lhe perguntei a razão de todas essas faltas, respondeu-me que a causa era que sua mãe havia sido hospitalizada...Estas faltas eram constante.  Eu saia bem cedo para trabalhar, pois o meu expediente começava às 7 horas da manhã, ao meio dia voltava para o almoço, fazia 2 horas de almoço e retornava para casa após as 17 horas.
Quantas vezes aconteceu de eu chegar na hora do almoço e a mamãe estava sozinha ainda na cama precisando ser trocada e higienizada e então, lhe dar o “café da manhã ” e os seus remédios que deveriam ter sido tomados pela manhã e não poderia deixar de tomar.
Certo dia, eu estava trabalhando nas proximidades de minha casa, aproveitei para ir até lá ver como ela estava, com a permissão de minha supervisora.  Quero lembrar aqui que eu trabalhava como “Agente de Saúde no Combate aos Vetores”, ou seja, aos mosquitos aedys aegitus e albopictus, agentes transmissores do dengue, febre amarela e outras doenças, e fazíamos visitas a domicílios, de porta-em-porta com a finalidade de detectar águas paradas, colher larvas e destruir possíveis criadouros. Também orientar a população na prevenção de tais vetores.  Já passavam das 9 hs. quando cheguei em casa e a Dora ainda não havia chegado, vindo aparecer depois, com tranqüilidade e vestida com minhas roupas...!
Também outra secretária jovem que gostava de assistir televisão e dormir, quando eu retornava para o trabalho, não demorava, ela arranjava o que fazer na rua... Na época havia um desejo na televisão que ela não podia perder!!! Quando eu chegava para almoçar ela estava sentada em frente a TV, dormindo na poltrona e se eu não a chamasse, ali ficava até a tarde.  Certo dia cheguei as 13 horas para almoçar e não a acordei, quando se aproximou a hora de eu voltar para o trabalho  (quase 2 horas depois), precisei acordá-la pois dormia profundamente e nem me viu entrar em casa.
Outra jovem veio trabalhar comigo, trazendo o seu bebe, e gostava de se trancar em casa e remexia em tudo, aproveitando para usar meus sapatos, e outros pertences pessoais.  Assim aproveitava para escolher e levar minhas coisas para sua casa, como roupas, calçado (o único par de sapatos que eu tinha para sair), cortinas e etc...  Cobrei dela mas não consegui que me devolvesse nem uma peça sequer.  Fui até a casa de seus pais e lá estava minha cortina na janela 



ESTUPRO?

Logo no inicio, uma senhora grandalhona, veio nos ajudar.  Ela dizia que era de uma Igreja perto de nossa casa, mas desconfiei que ela tinha o mau habito de levar o que não lhe pertencia.  Também era alcoólatra...
Certo dia quando cheguei em casa notei, estarrecida, marcas profundas nas cochas de minha mãe...eram unhadas profundas que haviam cortado a pele e aprofundado
“Meu Deus o que era aquilo?” fiquei tremendo pensando em até estupro. Busquei ajuda de um medico do PS, onde ficava a sede da equipe que eu trabalhava.  Levei a mamãe para exame, graças a Deus não era o que eu temia.  O médico disse que fora ela mesma que havia se unhado, o que eu discordo, pois ela nunca fez isso, e não tinha força suficiente para isso. 
Esta nossa ajudante, não podia ver as coisas boas que logo desaparecia com elas, como por exemplo, a minha máquina de fotos que eu trouxe de Portugal. Enquanto ela estava no prego, estava lá, então resolvi guardá-la para que não sumisse... desapareceu da gaveta...
Assim foram acontecendo os dias de luta. 




domingo, 1 de abril de 2012

NAS MÃOS DE DEUS

Sobreviver era necessário, mas como? Eu já estava com 44 anos e como iria conseguir trabalho para que eu pudesse sustentar a casa com aluguel, alimentação, remédios para a minha mãe e também pagar para uma pessoa cuidar da mamãe enquanto eu trabalhasse?
Nossa vida, contudo estava nas mãos de Deus e nunca nos desamparou.   As Sua promessas eram e são vivas em nossa vida.  Ele diz: “Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.” (João 14:18) “Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados por causa delas, pois o SENHOR, o seu Deus, vai com vocês; nunca os deixará, nunca os abandonará”. (Deuteronômio 31:6) Ainda temos a promessa direta do Pai: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei.” (Hebreus 13:5).
      
Agora eu deveria confiar em Deus! 
           
O Coronel John W. Jones, telefonou-me preocupado com o nosso bem estar, sustento e condição financeira.  Após entrevista com ele em São Paulo, o Exército de Salvação mais uma vez, não nos abandonou mas nos estendeu a mão amiga.  Eu havia pedido licença  para cuidar de minha mãe e então eu mesma deveria prover o nosso sustento, contudo o Exército de Salvação me auxiliou me enviando por mais 6 meses o salário que eu recebia na ativa.  No final desse tempo, eu fui contratada através de concurso público realizado pela Prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, no qual eu consegui uma boa classificação, como Agente de Saúde na equipe de combate a vetores (ao aedys aegiptus, albopictus e outros). Entrei recebendo a mesma quantia de salário que eu recebia do Exército.   Realmente Deus não nos desampara. Durante todos os anos que se seguiram, a mão de Deus, o amor de Jesus nosso Senhor e Mestre, sempre estiveram presentes ao nosso lado.  Apesar de muitas vezes as lágrimas rolarem, o Senhor nos consolou, nos socorrendo em cada momento.  Suas promessas nunca falharam.  Isto me faz  lembrar um dos cânticos que entoamos em nossas reuniões (cultos):

Cancioneiro Salvacionista nº315

 “Deus nos dá promessas e cumpre o que diz:      
          Jamais foi a fé iludida.
          Se as provas são duras e estás infeliz,
          Deus nunca as promessas ouvida.

Coro:  As santas promessas bem firmes estão
   Qual Rocha no mar desta vida,
   E os que têm fé em breve verão;
   Deus nunca as promessas ouvida.
         
          Quem pede e busca vai sempre obter
          A bênção por Deus garantida,
          Jamais foi em vão a Jesus recorrer,
          Deus nunca as promessas olvida.

          Se tremes e gemes na forja da dor
          Deus da a tua alma ferida
          Consolo sublime, com voz de amor;
          Deus nunca as promessas olvida.

          Se laços estreitos a morte romper
          Iremos com fronte erguida,
          No além, nossos entes queridos rever;
          Deus nunca as promessas olvida.”

(Fonte S.A. Song Book – Edição antiga)

Ainda tenho que dizer que se “não fosse o Senhor que esteve ao nosso lado”, que esteve lá em casa me amparando, ensinando e fortalecendo, eu não teria conseguido cuidar do meu Tesouro e teríamos sucumbido.
Veja o que diz o outro cântico que cantamos, de igual modo, belo e abençoador:

Cancioneiro Salvacionista nº 313;

               O que me importa se as nuvens aproximam
               O meu Senhor e Mestre cuidará de mim;
               Se a tempestade está tentando confundir-me,
               A salvo sempre estou em Suas mãos.

Coro:                Em Suas mãos, em Suas mãos,
                         Nas mãos de Deus estou por onde for.
                         Se há nuvens ao redor
                         Seu trilho é o melhor,
                         Pois confiante estou nas mãos de Deus.
           
                Se eu não entendo tantas coisas que se passam
                Em Deus confio e obedeço a Sua lei.
                A minha fé em Deus é o que supera tudo,
                Pois eu seguro estou em Suas mãos.


                        A cada dia Deus Se mostra suficiente,
                          Pois eu entregue a Ele estou e ao Seu querer.
                        A cada dia Sua graça é mais presente,
                        Eu vou permanecer em Suas mãos.

                         Autor: Stanley Ditmer               
                                                                 Tradutor: Bruno Beherendt

Você pode crer que Deus pode te ajudar?  E você crê?
Sim amigo, mamãe e eu sempre fomos socorridas e guardadas por este maravilhoso Deus... 
As Suas promessas nunca falharam.
Ele só pede que tenhamos fé, e você também pode se quiser! "Se podes?", disse Jesus. "Tudo é possível àquele que crê."  ( Marcos 9:23)  Faça como o pai do menino nesta passagem bíblica, diga ao Senhor: "Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!"  (Marcos 9:24)
Que Deus te dê vitória!